A Terra Treme (1948)
País: Itália, 160 minutos
Título Original: La Terra Trema
Diretor(s): Luchino Visconti
Gênero(s): Drama
Legendas: Português,Inglês, Espanhol
Tipo de Mídia: Cópia Digital
Tela: 16:9 Widescreen
Resolução: 1280 x 720, 1920 x 1080










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PRÊMIOS
International Award
Sinopse: O filme de Luchino Visconti, “A Terra Treme”, de 1948, expõe com vigor neorealista, aspectos da proletariedade de trabalhadores do mar, pescadores da cidade de Acitrezza, litoral da Sicília (Itália), uma das regiões mais pobres do País (inclusive, nos créditos do filme a interpretação principal é dada aos pescadores sicilianos). Revoltado com a exploração dos comerciantes de peixe, o jovem ‘Ntoni tenta convencer seus colegas pescadores a trabalhar por conta própria.
Se em “Vinhas da Ira”, John Ford nos mostra o drama da proletarização e da proletariedade extrema de catadores de frutas nas fazendas capitalistas da Califórnia; e em “Ladrões de Bicicleta”, Vittorio De Sica nos mostra uma crônica trágica da proletariedade de um recém-empregado como colador de cartezas que tem a sua bicicleta, seu instrumento de trabalho e condição de emprego, roubada, o cineasta Luchino Visconti expõe, em “A Terra Treme”, outra crônica trágica da proletariedade de trabalhadores do mar, super-explorados pelos comerciantes de peixes na Sicília (Itália), que anseia contornar a exploração da força de trabalho através do trabalho por conta própria.
Luchino Visconti trata em “A Terra Treme”, de um anseio contingente do proletário que vê como saída para sua condição alienada, tornar-se pequeno proprietário. O anseio pela emancipação do trabalho alienado ocorre através da saída individual (ou familiar) de ‘Ntoni que almeja tornar-se proprietário de seus meios de produção. É ele que irá representar um anseio contingente (e limitado) de parcela de trabalhadores proletários. Ao fracassar em seu intento, ‘Ntoni demonstrará que não apenas o mar é amargo, mas o mercado é cruel. Ele não perdoa aqueles que ousam enfrentar os elementos da ordem estrutural do capital. Os Valastros são amaldiçoados pelo destino, porque ousaram pensar de forma diferente e enfrentar, sozinhos, o mundo da injustiça social e da dominação do capital.
O filme contém, mais do que os demais filmes em análise, uma mensagem ideológica: não há saída para aqueles que almejam por si só enfrentar a ordem capitalista e os constrangimentos do mercado. O fracasso dos Valastros é, de certo modo, o fracasso da ideologia do empreendendorismo que ilude os proletários com a idéia do trabalho por conta própria como saída para a supereexploração da força de trabalho e mesmo do desemprego.
É claro que em “A Terra Treme” a busca pelo trabalho por conta própria ocorre numa situação de contornar a exploração estranhada e não de enfrentar o desemprego em massa. Naquela etapa de desenvolvimento capitalista, a promessa do emprego continha em si, para largos contingentes do mundo do trabalho, elementos de superexploração e de degradação do trabalho. N’toni Valastro buscou o trabalho por conta própria não porque estivesse desempregado, mas porque se sentia indignado com a superexploração da força de trabalho.
Ao invés de constituir uma organização sindical e política para enfrentar a dominação do capital (o que, nas condições de uma região atrasada do Sul da Itália, dominada pelo poder truculento da oligarquia local, era deveras temerário), optaram pela saída pequeno-burguesa: montar um pequeno negócio. É o que muitos hoje buscam através do empreendendorismo, não para contornar, muitas vezes, a superexploração do trabalho, mas sim, como alternativa ao desemprego estrutural e de massa. Nesse caso, tornam-se patrões de si mesmo, como os Valastros.
Na abertura do filme temos a seguinte mensagem: “Os fatos deste filme ocorrem na Itália, precisamente na Sicília, na cidade de Acitrezza, perto de Catania. É a velha história da exploração do homem pelo homem. As casas, as ruas, os barcos e o povo são de Acitrezza. Todos os atores foram escolhidos no meio do povo: pescadores, lavradores, pedreiros e mercadores. Usam seu dialeto para expressar sofrimento e esperança, pois na Sicília o italiano não é a língua falada pelos pobres.”
No decorrer do filme uma voz narra os acontecimentos do cotidiano da família de pescadores pobres dos Valastros. Na abertura, o sino da Igreja de Acitrezza avisa ao alvorecer a chegada dos pescadores do mar, depois de uma noite de trabalho. A primeira tomada é da Igreja imponente da pequena vila de Acitrezza. A Igreja quase que olha para o mar. Uma voz exclama: “Desta vez o mar foi generoso”. Diz o narrador: “Como sempre, os primeiros a iniciar o dia em Trezza são os mercadores de peixe que vão para o mar quando o sol ainda nem nasceu. Porque, como toda noite, os barcos foram para o mar e retornam ao amanhecer com a parca pescaria. Quando há peixe é possível sobreviver em Trezza. De avô para pai e para filho sempre foi assim.” Alguém diz: “Foi uma boa pescaria”.
O narrador do filme nos apresenta os elementos constitutivas da narrativa de “A terra treme”. Num primeiro momento, a dimensão da produção social. O fundamento material do ser social de Acitrezza é o trabalho, isto é, o trabalho de pesca, executado de forma artesanal, pelos proletários do mar.
Num segundo momento, Visconti apresenta as habitações rústicas da cidade, o lar dos proletários pobres de Trezza. Surge uma casa com destaque, a dos Valastros. Diz o narrador: “Uma casa como tantas outras, construídas com pedras. Suas paredes são tão antigas quanto a profissão de pescador. A esta hora, bem cedo, a casa acorda. É a casa dos Valastro.” Os homens da casa foram trabalhar no mar. Em casa, logo ao amanhecer, em sua faina cotidiana, surgem as mulheres da casa, trabalhadoras do lar, fazendo a faxina do espaço doméstico.
Elenco: